Património Arquitetónico e Religioso

Solar de Santa Marinha

 

Encontra-se localizado na freguesia de Santa Marinha, ligeiramente ao lado da Igreja Matriz da mesma freguesia. O Solar de Santa Marinha é uma bela mansão senhorial cuja edificação remonta à primeira metade do século XVI. Sabe-se que este solar, belo exemplar no que concerne à arquitectura concelhia, foi alvo de várias reconstruções e acrescentos, realçando assim a intervenção que o primeiro barão de Ribeira de Pena, de nome Francisco Xavier de Andrade e Almeida Pacheco de Sousa Leitão, realizou nos princípios do século XIX. Ele reedificou a ala norte e construiu uma magnífica cozinha, a qual impressiona devido ao seu tamanho. É considerado um exemplar acabado das construções solarengas e morgadias do norte de Portugal, sendo que o seu brasão impressiona os visitantes por se encontrar sobre a fachada lateral sul, situação rara nas casas solarengas do concelho. Na fachada sul, também existem umas escadarias de acesso ao interior deste solar, sendo a fachada quase no seu todo enriquecida por uma extensa fila de sacadas. No interior desta casa solarenga realça-se o valioso espólio histórico-literário uma herança dos cinco barões de Ribeira de Pena, onde se encontram inúmeros documentos que relatam a história e a genealogia das famílias mais importantes do norte e do nordeste de Portugal. Encontra-se em frente a este solar um pátio murado e um jardim encantador de camélias, onde outrora existira um picadeiro. Pertence à família do falecido Francisco Botelho,   que se dedicou a vários escritos sobre Ribeira de Pena (ex: seleccionou e escreveu textos para o Roteiro Camiliano no concelho).

Solar de Santa Marinha

 

Capela de Nossa Senhora da Conceição (Granja Velha)

 

            É uma capela de planta longitudinal composta por nave única e capela-mor, rectangulares, de volume indiferenciado, com sacristia, também rectangular, adossada a S (Sul). Os volumes são escalonados, encontrando-se assim coberturas diferenciadas. Na capela, a cobertura é em telhados de duas águas e na sacristia a mesma é em telhados de três águas. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, e terminam em friso e cornija, com pilastras nos cunhais. A fachada principal encontra-se enquadrada por pilastras de fuste com almofada côncava, sobrepujadas por pináculos adelgaçados terminados em bola, sobre plintos, percorrida por duplo friso, o superior com inscrição e data “SVBTVVM .PREZIDIVM.CONFVGIMVS.SANCTA.DEI.GENI.IREX.ANºDE 1731”, terminando assim em frontão curvo interrompido, coroado por cruz latina sobre acrotério formando pequeno frontão triangular. O portal é de verga, com moldura, enquadrado por pilastras de fuste almofadado suportando frontão interrompido por pedra de armas do instituidor da capela. Sobre o portal, rasga-se um óculo octogonal, gradeado. As fachadas laterais encontram-se marcadas por pilastra a separar a nave da capela-mor, sendo rasgadas por porta de verga recta, de moldura simples, sobrepujada por janelão rectangular, de capialço, na nave e um outro, gradeado, na capela-mor. A fachada lateral esquerda tem ainda uma escada com guarda plena de cantaria, com amplo balcão também de pedra, sustentada por quatro colunas, de fuste liso e capitéis toscanos, sobre bases sobrelevadas, de acesso ao coro-alto, com porta de verga recta, moldurada. Na fachada lateral direita, a sacristia, termina em friso, cornija e beiral, é coroada a O (Oeste) por sineira de uma ventana, em arco de volta perfeita sobre pilares, e termina em cornija recta, coroada por cruz latina sobre acrotério e pináculos laterais. A sacristia é rasgada por porta de verga recta e janela, quadrangular, de capialço, e por janela semelhante na fachada oposta. A fachada posterior é cega, terminando assim em empena, de friso e cornija, coroada por cruz latina sobre acrotério.             Em relação ao interior, é rebocado e pintado de branco, iluminado por dois janelões. O coro-alto encontra-se sobre uma trave de madeira assente em quatro mísulas de pedra e com guarda em balaustrada de madeira. As portas travessas são ladeadas por pias de água benta concheadas. No lado da Epístola, dispõe-se um púlpito, de bacia quadrangular sobre mísula de pedra, decorada com enrolados e folhagem, com guarda em balaustrada de madeira. O pavimento é em lajes de pedra, integrando então sepulturas com tampas decoradas com motivos em flor-de-lis, e tecto em madeira, de perfil curvo, pintado ao centro com “A fuga para o Egipto”. A capela-mor é iluminada por dois janelões, com duas portas confrontantes, uma para a sacristia (lado da Epístola) e outra para o púlpito (lado do Evangelho). Sobre o suspedâneo de granito, o qual possui dois degraus centrais, surge o retábulo-mor de talha dourada, de planta côncava e três eixos, definidos por quatro colunas torsas decoradas por anjos e fénices, e capitéis coríntios. Ao centro ergue-se numa espécie de nicho a imagem da padroeira, Nossa Senhora da Conceição, que pesa cerca de 200 kg, podendo observar-se um pouco mais abaixo uma pequena cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. A mesa do altar é paralelepipédica com frontal em talha. O pavimento é semelhante ao da nave, e o tecto é em madeira, de perfil curvo, pintado com quadraturas, encontrando-se ao centro a representação da Coroação da Virgem envolta de anjos. A sacristia é rebocada e pintada de branco, com pavimento em lajes de granito e tecto de madeira. Data do século XVIII, sendo uma capela barroca de fábrica erudita, e serviu de modelo à capela de Nossa Senhora da Guia, construída na mesma freguesia, embora apresente soluções diferentes.

 

Capela de Nossa Senhora da Guia (Fonte de Mouro)

 

É uma capela de planta longitudinal composta por nave única e capela-mor, tendo adossada uma torre sineira quadrangular e uma sacristia, de formato rectangular (fachada lateral direita). Os volumes são escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na capela e na sacristia e de quatro na torre, sendo esta rematada por pináculo cerâmico. As fachadas são rebocadas e pintadas de branco, terminando assim em friso e cornija. A fachada principal encontra-se voltada para N (Norte), e é enquadrada por pilastras de fuste com almofada convexa, sobrepujadas por pináculos piramidais terminados em bolas e assentes em plintos paralelepipédicos, com duas gárgulas de canhão, visto que esta termina em frontão de volutas interrompido por concheado, coroado por cruz latina sobre esfera, assente em plinto prismático. O portal é de verga recta com moldura, e é encimado por nicho, em arco de volta perfeita, interiormente concheado e albergando imagem de pedra da padroeira (Nossa Senhora da Guia) sobre mísula, ladeado por duas pilastras de fuste côncavo. O nicho encontra-se ladeado e apoiado no frontão do portal, surgindo dois pináculos embebidos na parede. O portal é ladeado por duas rectangulares jacentes, gradeadas. No tímpano, sob a concha que remata a fachada, surgem elementos fitomórficos. As fachadas laterais terminam em friso e cornija, sendo ritmadas por gárgulas de canhão, encontrando-se marcadas por pilastra que separa a nave da capela-mor. Elas encontram-se rasgadas por porta de verga recta sobrepujada por janela rectangular, de capialço, na nave, e por três janelas, duas delas mais pequenas e sobrepostas, na capela-mor. Sobre a cornija da fachada O (Oeste), junto ao cunhal, dispõe-se uma sineira de uma ventana, em arco de volta perfeita sobre pilares toscanos, que termina em cornija recta coroada por pináculos piramidais e cruz latina sobre acrotério, ao centro. Na mesma fachada, adossada à capela-mor, surge a sacristia, que finda em empena, de friso e cornija, rasgada por óculo circular na fachada lateral e por porta de verga recta e janela, rectangular, de capialço, na fachada voltada a Sul (S). O interior é rebocado e pintado de branco, sendo as suas portas travessas ladeadas por pias de água benta. O coro-alto encontra-se sobre trave de madeira assente em quatro mísulas de pedra, com guarda em balaustrada de madeira, pintada a marmoreados fingidos, verde e vermelho, acedido por escada de madeira (lado da Epístola), sendo o tecto do sub-coro em caixotões. Lateralmente, dispõem-se dois púlpitos de bacia rectangular sobre mísula de pedra, decorada com acantos, com guarda plena em talha policroma a bege, azul e rosa, e apontamentos dourados, acedidos por porta de verga recta. Junto ao arco triunfal de volta perfeita, na parte central, mais propriamente no lado da Epístola, surge um pequeno altar de talha policroma a bege, rosa e azul. O pavimento é em lajes de pedra e o tecto é em abóbada de berço, em caixotões de pedra, sobre cornija de pedra, ritmada por mísulas volutadas. A capela-mor é iluminada por janelas laterais, possuindo assim duas portas, uma do lado da Epístola para a sacristia e outra do Evangelho para o púlpito. Sobre o supedâneo de granito, que possui dois degraus centrais, surge o retábulo-mor, de talha policroma a marmoreados fingidos (bege, azul, rosa e dourado). É definido por quatro colunas tipo balaústres. Na parte central do altar-mor abre-se uma tribuna que alberga um trono eucarístico, o qual sustenta uma imagem. Lateralmente surgem mísulas           que albergam imagem (no lado esquerdo surge a imagem da padroeira e no lado direito surge uma outra a imagem), encimadas por baldaquinos. Ao centro do retábulo-mor, surge o sacrário assente em três anjos atlantes, e com porta pintada protegida por baldaquino. A mesa do altar é paralelepipédica com frontal pintado a marmoreados fingidos. O pavimento e o tecto são semelhantes aos da nave. A sacristia é rebocada e pintada de branco com pavimento em lajes de granito e tecto de madeira, possuindo assim lavabo de pedra.

Igreja Matriz de Santa Marinha

 

Localiza-se na freguesia de Santa Marinha. Esta igreja apresenta uma torre quadrangular, acantonada por pináculos e rematada por uma cruz latina. Exibe na sua parede sul um arco enxaquetado pormenorizado, que será um provável resto de uma pedra tumular com inscrição gótica e uma ara com inscrição romana dedicada a Júpiter. No seu interior, destaca-se o sublime altar em talha dourada onde encontramos duas imagens: a de São Brás e a de Santa Marinha (padroeira desta freguesia). Contêm capela anexa dedicada a São Francisco Xavier, com altar em talha dourada. Esta capela pertence desde a antiguidade à casa de Santa Marinha. O tecto da Igreja foi alvo de restauro há poucos anos, desaparecendo o tecto de madeira pintado, dando este lugar a uma cobertura de madeira completamente descaracterizada. Ainda é possível contemplar no seu interior o altar dedicado a Nossa Senhora da Guia, ao Sagrado Coração de Jesus, a Jesus Crucificado, a Nossa Senhora das Angústias e ao Senhor dos Passos (as imagens destes dois últimos santos são idênticas às da Igreja do Salvador). Realça-se o túmulo de pedra com o brasão dos Pacheco de Andrade, na capela de São Francisco Xavier, anexa a esta igreja, no qual é possível encontrar uma inscrição: “OCAPP.MOR B. PACHECO ANDR. AQUIZ”, que faz referência ao capitão-mor Baltazar Pacheco de Andrade, da Casa de Santa Marinha, que esta ligado à construção da capela da Granja Velha. Data do século XVII. Sabe-se ainda que Manuel José de Carvalho, natural do Ruival, enviou valiosas doações em alfaias à igreja desta freguesia.